O fenômeno da maternidade tardia é resultado da mudança no perfil social e econômico, com mais mulheres investindo em carreiras, estudos e estabilidade antes de começar a formar uma família.

A maternidade é um desejo comum entre muitas mulheres, mas, à medida que o tempo passa, esse desejo pode se deparar com desafios biológicos e de saúde, especialmente quando a idade avança. Nos últimos anos, a maternidade tardia, que é aquela em idades mais avançadas se tornou uma realidade mais frequente, com mulheres optando por ter filhos após os 35 anos. Contudo, essa decisão envolve diversas questões relacionadas à fertilidade, saúde da gestação e os cuidados para garantir que a mulher permaneça saudável durante esse processo.
A Idade e a Fertilidade
A fertilidade feminina está intimamente ligada à idade, com uma diminuição progressiva nas chances de engravidar naturalmente à medida que os anos passam. A partir dos 35 anos, as mulheres começam a experimentar uma queda significativa na qualidade e quantidade dos óvulos, o que pode dificultar a concepção. Segundo a Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), após os 35 anos, a mulher apresenta cerca de 20% de chances de engravidar por ciclo menstrual, enquanto para mulheres mais jovens essa taxa é de cerca de 25% a 30%. A qualidade dos óvulos também diminui, aumentando as chances de abortos espontâneos e defeitos cromossômicos, como a síndrome de Down.
De acordo com a ginecologista e obstetra, Dra. Maria Teresa Costa, especialista em saúde da mulher e fertilidade, “a fertilidade da mulher começa a declinar aos 30 anos, com uma queda mais acentuada por volta dos 35. No entanto, isso não significa que engravidar após essa idade seja impossível, mas sim que a concepção pode ser mais desafiadora e exigir maior acompanhamento médico”. A Dra. Maria Teresa também aponta que, em mulheres com mais de 40 anos, as chances de engravidar naturalmente diminuem drasticamente, e a gestação pode estar mais suscetível a complicações.
As Estatísticas da Maternidade Tardia
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de natalidade entre mulheres com 35 anos ou mais aumentou significativamente nas últimas décadas. Em 1991, apenas 11,5% dos nascimentos ocorreram em mulheres dessa faixa etária, enquanto em 2019 esse número saltou para 25,2%. Esse aumento reflete as mudanças sociais e culturais, mas também traz à tona a necessidade de um planejamento mais cuidadoso para aquelas que decidem engravidar mais tarde.
Embora as chances de engravidar naturalmente diminuam, é importante destacar que a maternidade madura não é sinônimo de infertilidade. A medicina avançou significativamente, e a utilização de técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV), tem proporcionado novas oportunidades para mulheres que, de outra forma, não conseguiriam conceber naturalmente.
Como Manter a Saúde na Maternidade tardia
Para as mulheres que desejam engravidar após os 35 anos, adotar hábitos saudáveis e buscar acompanhamento médico constante são ações fundamentais para garantir uma gestação saudável. Algumas medidas importantes incluem:
- Alimentação Balanceada: A alimentação rica em nutrientes essenciais, como ácido fólico, ferro, vitaminas A, C e D, e ácidos graxos ômega-3, é crucial para a saúde reprodutiva e para o desenvolvimento do feto. A ingestão adequada de alimentos ricos em antioxidantes também ajuda a proteger os óvulos do envelhecimento precoce.
- Atividade Física Regular: A prática regular de exercícios físicos pode melhorar a fertilidade e a saúde geral. A atividade física ajuda a controlar o peso, melhorar a circulação sanguínea e reduzir o estresse, fatores que podem impactar diretamente a fertilidade. No entanto, é importante evitar atividades intensas, que podem ter o efeito oposto e prejudicar o equilíbrio hormonal.
- Acompanhamento Médico Frequente: Consultas periódicas com um especialista em fertilidade e acompanhamento do ciclo menstrual são fundamentais. Além disso, é essencial realizar exames de rotina para monitorar a saúde geral e identificar qualquer condição que possa interferir na gravidez, como miomas ou endometriose.
- Controle do Estresse: O estresse pode afetar negativamente a fertilidade, já que ele está relacionado ao desequilíbrio hormonal. Técnicas como meditação, yoga e terapia podem ser muito úteis para manter o equilíbrio emocional e reduzir a pressão durante o processo de tentativa de gestação.
- Evitar o Tabagismo e o Álcool: O uso de substâncias como tabaco e álcool pode comprometer tanto a fertilidade quanto a saúde da gestação. Mulheres que desejam engravidar devem abandonar esses hábitos para garantir melhores chances de concepção e reduzir os riscos de complicações durante a gravidez.
Conclusão
A maternidade tardia está longe de ser uma exclusividade da medicina assistida, mas, sem dúvida, exige um planejamento mais atento. Embora as chances de engravidar naturalmente diminuam após os 35 anos, não se pode ignorar a capacidade da mulher de se tornar mãe em idades mais avançadas, especialmente com o auxílio da medicina moderna. O mais importante é que as mulheres que decidem seguir esse caminho o façam de maneira consciente, com a orientação adequada e mantendo uma rotina saudável, o que pode aumentar significativamente as chances de uma gestação bem-sucedida e de uma saúde robusta durante todo o processo.